quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Sobre o livro de Freire


Embora já conhecesse a proposta didática de Paulo Freire, nessa semana pude ler o seu livro "Pedagogia da Autonomia". Bem, se eu pudesse lhe propor um novo título para o livro, o chamaria de "Manifesto da Autonomia da Educação". Embora ele esboce diretrizes para o processo de ensino, há também um forte discurso político de apelo pelos historicamente oprimidos: mulheres, negros e pobres. Percebe-se uma tendencia de Freire em lutar pela igualdade sexual e racial, de incentivar a reforma agrária e de combater todo tipo de preconceito.

O seu modelo pedagógico é vinculado a um ideal que eu arriscaria chamar de marxista, sobretudo quando ele se coloca na luta que os educadores devem se empenhar por melhorias para a sua classe trabalhadora.
Todavia precisamos nos ater ao conceito da relação de educador e educando; o primeiro, como possibilitador de um auto-desenvolvimento do segundo. Freire conceitua que ensinar é criar possibilidade para que o que aprende desenvolva seu próprio conhecimento. Freire deixa bem latente a preocupação de que ensinar não é transmitir conhecimento, como ele mesmo critica em seu livro Pedagogia do Oprimido (2005, p.67), a "educação bancária" em que o se julga sábio transmita o "saber" para aquele que ele julga que nada sabe.
Freire faz importantes observações para desenvolver uma educação de qualidade, quando ele fala da beleza estética, não deve ser visto como algo supérfluo, mas deve-nos fazer ponderar que os estudantes avaliarão o cuidado que devem ter com os objetos de sua escola de acordo com o cuidado dado pelos administradores da mesma. Ou quando considera que educar vai muito além de passar informações, mas antes de tudo, do professor fazer conceituações de valores éticos para que seus educandos
saibam lidar com os conteúdos, pois não basta saber mas é preciso fazer o correto com o que se sabe. - Por exemplo, grandes mentes criminosas, estadistas corruptos e cruéis sabiam muita coisa, mas lhes faltou ética para ponderar suas ações.
Freire passa uma compreensão de que ser educador é um comprometimento ético e político. A profissão de ensinar é tomar partido ao lado do progresso humano, opondo-se e ensinando oposição contra todas as opressões que as pessoas sofrem.
Conforme a minha leitura, sua obra está para a pedagogia, assim como o Manifesto Comunista de Karl Marx está para o discurso político partidário. É uma obra que precisa ser conhecida pelos professores, pelos alunos, em fim, por toda sociedade, pois por meio de uma boa educação, toda sociedade tem como melhorar suas condições de vida. - Assim como inicialmente propus um novo título para o livro, proponho um parágrafo final, parodiando Karl Marx: Os adeptos da pedagogia da autonomia se recusam a calar suas opiniões sobre a importância de possibilitar o conhecimento autônomo do educando. Eles declaram abertamente que seus fins só podem ser obtidos pela derrubada violenta todas as distinções sociais existentes na educação. Que os adeptos da pedagogia do oprimido tremam diante da ideia de uma pedagogia autônoma. Os educandos não têm nada a perder exceto a escuridão da ignorância. Eles têm o saber a ganhar.
Educadores e educandos de todo mundo, unam-se!

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