segunda-feira, 28 de maio de 2012

O Cristo de João Dias de Araújo


Meu Cristo é um Cristo vivo
Que passa levantando o pó vermelho
Nas Galileias do meu coração.
O Jesus que caminha nos meus mares;
Nas praias tropicais dos meus pezares
Nas montanhas azuis da minha solidão.
Ele entra nos meus templos orgulhosos
Empunhando o chicote de juiz.
Entra nas minhas tempestades fortes
Concedendo-me a santa diretriz.

Meu Cristo é um Cristo vivo
Que passa levantando o pó cinzento
Pelas Judeias do meu coração.
O Jesus que fustiga o meu pecado,
Que lança o meu orgulho tresloucado
Ao cilicio da minha humilhação.
Ele não é o Cristo das paredes
Pendurado em palacios, ou bordeis,
Nem o Cristo incapaz dos crucifixos
Pendido no pescoço de infiéis,
Nem o Cristo da hostia que é de trigo...
Pois o meu Cristo é o meu maior amigo .
Meu Cristo é um Cristo
Que se agita dentro da divindade infinita,
Dentro da humanidade tão precita.
Bem junto ao lago azul do meu pensar
Ele prega agitando as ondas mortas.
Bem junto à noite escura do pecar,
Ele me abriu as reluzentes portas.
Pois Ele anda no meu caminho estreito,
Sobe o monte infernal da minha dor,
Morre na Cruz feral da minha culpa,
Desce ao túmulo vil do meu negror ...
Depois se ergue na aurora dos meus sonhos,
E se embuça nos céus do meu amor.
Meu Cristo é um Cristo vivo
Que passa levantando o pó imundo
Nos continentes do meu coração.
Mas Ele um dia passará sorrindo
Pelo meu céu inteiramente lindo
Passará levantando o pó dourado
Pelo estelar caminho conquistado,
Naquela Cruz de infamias e de Glorias.
(Rev.João Dias de Araújo

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