sábado, 9 de junho de 2012

O conto das duas cidades, A e B

Era uma vez um relato de duas cidades;

A cidade A surgiu primeiro, 5 anos mais tarde, surgiu a cidade B;
A cidade A começou com grande prestígio, a cidade B teve um começo tacanho;
A cidade A, na verdade, foi enganada, o prestígio era uma farsa, disseram que ela era a principal cidade, mas ela nunca teve o retorno de sua fama, pelo contrário, tudo que ela produzia ia embora para enriquecer os que lhe disseram que ela era a principal;
A Cidade B continuou tacanha, com poucos habitantes e sem desenvolvimento, real ou imaginário, havia algumas brigas entre os habitantes da cidade e nativos mais antigos ao redor dela;

Com o tempo, a cidade A foi sendo jogada de lado, e a cidade B passou a ser valorizada. O foco da riqueza foi mudando e ao redor da cidade B foi sendo descoberta uma fonte de riqueza maior;
Os habitantes da cidade A não conseguiam aceitar a perda do seu status e decidiram viver na rememoração do passado;
Mas os que usaram a cidade A, agora queriam usar a cidade B, investiriam muito nela pois a riqueza da cidade B poderia superar a da cidade A;
A cidade A se fechou em torno de si mesma, perdendo o falso prestígio, e sem conseguir sair de sua fantasia. Seus habitantes contavam aos seus filhos que esta ainda era uma grande cidade, que já foi a principal, tudo começou ali etc;
A cidade B começou a se desenvolver sabendo que ela não era nada, por isso os habitantes falavam aos seus filhos que trabalhassem e construissem alguma coisa, pois eles tinha agora uma grande oportunidade;
Assim como na cidade A o trabalho era feito de maneira forçada, o mesmo princípio foi usado na cidade B;
Tudo iria se repetir na cidade B, o prestígio e riqueza produzidos seriam levados para a terra dos propagadores da ilusaõ de prestígio, porém...;
Com o passar do tempo, os divulgadores do prestígio da Cidade A foram expulsos, mas agora já era tarde, pois a cidade A já não era mais o foco, e agora a cidade B iria continuar a trabalhar, mas sem mandar riqueza para lugar nenhum, era a grande chance da cidade B ter prestígio de verdade;
Como o prestígio da cidade A era falso. Viu-se que esta cidade nunca teve riquezas de fato, os que diziam que ela era a principal levavam toda riqueza para outra terra;
Como o prestígio da cidade B não existia, eles decidiram criar um prestígio, uma riqueza que ficasse na própria cidade;
O tempo foi passando, e a cidade B promovia a vinda de mais habitantes, falava-se de oportunidades na cidade B;
A cidade B começou a receber vários habitantes que não aceitavam uma vida de conto de fadas, mas queriam progredir, pois vinham de uma outra terra que era muito pobre, e acreditavam que na nova cidade poderiam fazer diferente;
Mas a cidade A não queria sair de seu conto de fadas, os que nasciam lá aprendiam a confiar no prestígio antigo, não foram estimulados a construir uma cidade, pelo contrário, foram educados com a ideia de que pessoas ricas e felizes não trabalhavam pesado, mas tinham seus escravos, servos, domésticos (chamem como quiserem) para fazer o trabalho;
As moças da cidade A aprenderam que devem ficar em casa, se embelezando, aguardando um bom casamento. Os moços aprenderam que deveriam virar "doutor" e casar para manter o nome da família, tendo sempre pessoas pobres para trabalhar e sustentar o luxo deles;
A Cidade B, porém, não teve conto de fadas, nasceu lutando contra o ostracismo, e com o tempo começou a se ver mais prestigiosa pela riqueza que começou a produzir. Mas não pensem que na cidade B não exisitu gente iludida que sempre trabalhou pesado, eles também tiveram pessoas pobres para fazer o trabalho forçado. Mas com o tempo essas pessoas pobres foram trocadas por outros pobres, porém, que recebiam salário;
As moças da cidade B foram ficando para trás das novas moças que chegaram trabalhando, as moças da cidade viram outras moças com mãos calejadas e perceberam que estas, ganhando salário, logo, logo teriam mais renda que elas, alguns trabalharam, outras, de fato, ficaram para trás. Os moços também tiveram que rever o sonho de ser "doutor" e enriquecer com o trabalho dos outros. Mas procuraram desenvolver outros saberes voltados para o progresso econômico;
Então, surgiram escolas de engenharia na cidade B, abrindo oportunidades de criação de indústrias e uma produção de riqueza mais rápida. Ao passo que a cidade A vivendo do passado, dizia que nela surgiu a primeira escola para formar "doutor", e assim ficou;
O tempo passou, e a cidade A continuou piorando, mas a cidade B continuou crescendo;
Os políticos da cidade A, fazendo parte da mesma linha suscessória dos políticos que criaram o falso prestígio, procuraram preservar na mente dos seus habitantes a ideia de que a cidade A era melhor e não precisavam mudar, diziam que quem ama a cidade A quer o líder a, ou b, ou c, ou m "meu amor"!, mas também surgiram jargões políticos mais novos como: Cidade ótima, só se vê na cidade A!
Mas também, os políticos da cidade B não eram bonzinhos não, porém já se desenvolveram numa realidade de riqueza real, já chegaram ao poder com a cidade B abastada, procuraram apenas preservar a riqueza. Todavia, no fundo, no fundo, todos queriam a mesma coisa dos políticos da cidade A: preservação do poder e da linha suscessória;
No fim de tudo, a cidade A continua enganada, as pessoas acreditam no conto de fadas de que sua cidade é a melhor e por isso não acham que devem mudar nada. A cidade B enriqueceu e criou um conto de fadas para seus habitantes, de que a sua cidade é a melhor porque é trabalhadora e inteligente;
Contudo, na verdade, a cidade A permaneceu rememorando o passado porque foi fortemente doutrinada a aceitar as coisas como são, e a cidade B que se acha hoje uma cidade perfeita, também foi doutrinada a produzir riqueza, e se orgulhar de sua fama, mesmo que esta riqueza não seja distribuída honestamente.
Ao fim deste conto, quais são as duas cidades?

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