Os crimes
cometidos recentemente, e noticiados pela mídia, revelam um dado incomodo da
sociedade, a quantidade de menores infratores, que não respondem por seus
crimes graças à nossa lei. A sociedade, sobretudo a classe média, tem
conclamado às autoridades para diminuição da maioridade penal, acreditando que
esse é um passo fundamental para punir os criminosos. Embora eu concorde que a
idade nem deveria ser levada em conta, e que qualquer um que comete crime deva
ser punido de acordo com seu crime, e não com a sua idade, ainda assim, essa
não é a solução que satisfará a justiça.
Tudo isto que
foi falado combate os efeitos da violência, mas para combater a violência e
mudar a nossa sociedade é preciso tomar medidas mais enérgicas e radicais. É
preciso combater, pelo menos, duas coisas, o espírito consumista e a
desigualdade abismal de classes. Vive-se em um mundo que se valoriza o “ter”
para “ser”, este juízo de valor é uma violência contra a dignidade humana, pois
o ser humano passa a ser visto pelo que tem e não pela sua conduta. Os efeitos
desta violência do consumismo são a cobiça que leva ao roubo, à corrupção, a
impunidade, tráfico de drogas etc. Se queremos diminuir os índices dessas
violências, precisamos mudar os valores que são disseminados na sociedade.
Outro passo
para essa mudança social é a conscientização das classes, burguesia, classe
média e trabalhadores. Enquanto o mundo valoriza a separação desses grupos,
desenvolvendo a tensão que gera violência, os cristãos burgueses, por exemplo,
deveriam perceber que o seu acumulo financeiro, que impossibilita ao pobre
alcançar uma maior qualidade de vida, e percebendo isto, deveriam buscar menos o
acúmulo de lucros, e mais a qualidade de vida social. Os ricos precisam
perceber que têm recursos, não para ostentação, mas para diminuição da desigualdade.
A indústria e tecnologia não devem servir para enriquecimento de uns, de acordo
com o pensamento cristão, os avanços do homem devem proporcionar melhorias
sociais.
O fim da
violência virá somente quando Cristo der a paga a todos segundo suas obras.
Entretanto, a igreja está na terra para combater a violência, servindo-se da
mensagem fraternal de Cristo para mudar os valores sociais e econômicos. Mesmo
que a violência esteja longe de ter fim, ao menos a igreja fará o seu papel que
é anunciar a mensagem de Deus aos homens. Para diminuir a violência o cristão
precisa, tanto apoiar leis coercivas, quanto pregar que há outro modo de
pensar, promover valores humanos contra os valores materiais. Cabe aos cristãos
que tomam consciência do seu valor, desejar mais igualdade social e econômica,
do que desejar adquirir mais em detrimento do outro que fica alijado dos
direitos sociais e econômicos.
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