quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Agora eu compreendo a inquisição

Nã-nã-ni-nã-não!!!
Não é uma explicação sobre a inquisição medieval, mas um pensamento sobre o que tornou possível que pessoas, de uma religião fundada por um mestre que falou de amor, pudesse provocar tanta morte e tormentos à humanidade.
O que levou os líderes da religião cristã a julgar a conduta moral dos povos, conduzindo-os a uma série de tormentos para moldar suas vidas de acordo com regras fixas e ditatoriais? Resposta, a Fé. A fé em ensinos dogmáticos de uma verdade absoluta. A fé imposta por uma retórica pautada em normas ascetas (menosprezo pelos prazeres do corpo) de vida.

Aqui cabe falar do perigo do discurso religioso. Pessoas controladas por uma crença em divindades poderosas, que pelo medo são capazes de ir contra os valores humanos e fraternais para se devotar a esses seres sobrenaturais, e fazer por eles tudo que a retoria religiosa lhes mandar.
Quando um membro do ofício da inquisição "relaxava ao braço secular" (entregar aos suplícios) os hereges e pecadores, eles não faziam pelo mero sadismo, mas pelo respeito a Deus. O discurso religioso medieval da igreja mostrava que Deus era o centro do universo e que era o dever de todos os homens reconhecê-lo como único e verdadeiro Deus, e que o descaso para com Deus era a completa loucura. Uma pessoa assim não merecia gozar da vida, pois esta é um dom de Deus. Essa pessoa deveria ser atormentada, até encontrar a razão, em Deus. Mesmo que esse tormento a levasse à morte.
Mas porque isso? Se olharmos o Novo Testamento haveria motivos para castigar fisicamente as pessoas para força-las à crença cristã, será que não existe mais preocupação com o amor, do que com regras de conduta?
Vejamos:
Os sermões de Cristo falam em chorar com quem chora, ser perseguido pela justiça, falar a verdade, dar esmola, não valorizar bens materiais, não se entregar a vícios. Nas curas de Jesus, sempre o vemos ajudando cegos, leprosos, paralíticos. Na verdade, a mensagem do Evangelho, de salvar pecadores com uma morte na cruz, já mostra que a mensagem é amar.
Vejamos que linda mensagem:
Um Deus que se entrega pelas pessoas que pecam. E não um Deus que se entrega por pessoas boazinhas.
As demais cartas do Novo Testamento, até que falam de abstinências sexuais, mas a ênfase é o relacionamento com as pessoas, ser honesto, tratar bem, reconciliar-se, viver unido aos demais irmãos.
Por isso, como falei, a ênfase dos cristãos, se fosse para julgar alguém (pois aqui entra outro ponto, Jesus nos ensina que não devemos julgar os outros baseados numa conduta pura, mas se formos julgar, devemos julgar de acordo com nós mesmos, ou seja, se eu acho que alguém é pecador, devo lembrar que eu também faço coisas erradas). Então, se alguém for julgar, que julgue se existe companheirismo, amizade, perdão etc, e não se alguém é gay, se crê em outro deus, ou em deus nenhum.
Mas o ideal seria que ninguém se colocasse como tribunal da consciência de ninguém, conselhos valem, mas juízos não. Mas como estamos falando, posso entender a inquisição, não aceitá-la, pois conheço pessoas, nos dias de hoje, que tem tanto temor ao deus de sua fé, que assim como nos tempos medievais, valorizam mais agradar o deus de sua fé, do que ser um amigo aos seres que estão à sua volta.
Há pessoas que julgam o caráter de outro por não ser cristão, ou por ser cristão de outra denominação. Ou até fora do preconceito religioso, julgam o caráter pela conduta sexual, ou pelas ideias políticas e filosóficas.
E mais uma vez, mostro que esse tipo de cristianismo inquisitorial é contra o ensino da Bíblia cristã, pois uma carta do Novo Testamento diz que a maior prova de que alguém ama a deus, é que essa pessoa ama outras pessoas. Assim, aqui encerro minha compreensão da inquisição, mas com uma crítica a esta convicção cristã que não segue a Cristo.

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