domingo, 13 de abril de 2014

Retratação

Hoje, voltando para casa, observei uma garotinha indígena usando farda de escola municipal, com um senhor que parecia seu pai. Ela não estava pintada, ou usando adornos tipicamente indígena, mas percebia-se sua etnia claramente.
Notei que financeiramente ela não deveria ser muito privilegiada também.
Pensei: "Alguém deve desculpas a ela."
Não sei se seria eu, não me enquadro entre os colonizadores dessa terra, aqueles que invadiram a América, ou melhor, Pindorama.
Nasci fruto da sociedade colonizadora que escorregava sobre os corpos nus das índias, mães dos primeiros brasileiros (se é que podemos chamar brasileiros nos séc XVI, XVII, XVIII). Faço parte de uma geração sem identidade, a menos que eu considere a tal identidade nacional brasileira como algo que me represente.
Mas ainda assim, alguém deve desculpas àquela menina e ao seu pai. Não seriam os negros, que vieram em correntes, aos trancos e barrancos nos tumbeiros.
Mas quem? quem vai lhe pagar o que deve? E quanto se deve?
Ninguém! Essa menina continuará sem reconhecimento de sua herança sobre a terra. Ela vai continuar indo à escola com sua fardinha de estudante, pegando ônibus sem expectativa de ser reconhecida como principal desta terra.
Pois todos lavam as mãos dos crimes cometidos sob o marco do Equador, onde todo pecado é permitido.
Afinal de contas, somos e fomos todos culpados. Somos e fomos essas vítimas algozes.

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