segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Caçadores e coletores

Pelo título, meus colegas de história podem achar que esse texto trata de um tópico de história Antiga. Mas, pelo contrário, queria falar da sociedade
capitalista de consumo do século XX e XXI. Graças a produção em nível industrial, estamos numa situação de superprodução. E graças ao papel da propaganda, conseguimos consumir todo esse excesso de produtos.


As pessoas mal percebem, exceto quando se toca no assunto, de que estamos consumindo produtos em uma velocidade assustadora, e consumindo até mesmo coisas completamente inúteis. Mas que graças a necessidade do mercado em fazer o escoamento de sua produção, somos OBRIGATORIAMENTE consumidores de toda ela que não para, pelo contrário, a cada dia, se produz mais e mais coisas.
Digo que somos obrigados porque, mesmo que acreditemos no livre-arbítrio de fazer o que queremos com nosso dinheiro, o mercado usa da manipulação em massa para nos abocanhar. E na verdade estamos tão inseridos nessa obrigatoriedade de consumo que achamos normal as regras mercadológicas, e não as questionamos, provando que a manipulação deu certo, e que somos fantoches na mão do mercado.
Vejamos o que quero dizer: lutamos pelo nosso direito de consumidor, não percebemos que isso é um atributo de ato de comprador, mas agimos como se nosso direito de consumidor fosse determinante em nossa vida, porque vivemos a vida de consumo. Consideramos o dinheiro um sonho a ser buscado. Veja como isso é sútil, o dinheiro, que deveria ser um instrumento de busca por um sonho, se torna o sonho. As pessoas não mais desejam algo, mas o consumismo é tamanho que elas querem qualquer coisa, então, sonham com dinheiro.
Mas não é só isso. Faça o exercício de olhar para sua casa, perceba como existe coisas que você comprou e mal usa, ou nunca usou, na verdade, você está seguro em ter coisas que um dia poderá usar, não é incomodo ter coisas inúteis em casa, mas a falta de algo que lhe foi ofertado é incomodo.
Somos caçadores dos produtos que nos ofertam, se a propaganda nos diz que é tudo que precisamos, que não podemos viver sem, saímos à caça desses produtos. Coletamos tudo que nossos olhos podem ver, que nossas mãos alcançam.
Em contrapartida, os coletores e caçadores primitivos, saiam em busca de coisas essenciais para subsistência, na verdade, os estudiosos lhes deram essa nomenclatura porque eles não eram sedentários, eles não se identificavam como seres que ficavam parados em cidades acumulando produtos, mas seguiam, de maneira nômade, caçando e coletando quando havia necessidade.
Já os meus caçadores e coletores do século XX e XXI, estes saem à caça nas lojas e shoppings para colecionar produtos. Reter para si a demanda de produção. Esses coletores não mais caçam e coletam para sua sobrevivência, mas para a sobrevivência do mercado.

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