sábado, 14 de dezembro de 2013

economia colonial espanhola

Compreendendo a colonização no ocidente americano.
Geralmente, quando falamos de período colonial, lembramos das aulas sobre capitanias hereditárias, engenhos de açúcar, navios negreiros, nem sequer pensamos na colonização dos nossos hermanos, aqueles que foram colonizados pelos espanhóis, e não pelos portugueses.
Isso é um capítulo muito estreito no estudo da escola. Bem, por causa disto, perdemos a riqueza de detalhes, complexidade, e mais importante, formação dos povos que ficam do lado ocidental de nossa América do sul.
Diferente dos português, os espanhóis não dividiram a sua colonia em capitanias, mas em vice-reinos, Nova Espanha (que equivale ao México), Granada (região do noroeste sulamericano), Peru (oeste sulamericano), e o vice-reino do Prata (seria a região sul, ou praticamente Argentina, Paraguai e Uruguai).
{ilustração de Felipe Poma de Ayala}


Para poder extrair as riquezas coloniais, a coroa espanhola desenvolveu modelos diversos, lembrando, aqui esta colonização se diferencia da que foi feita no Brasil, que, economicamente, funcionou basicamente com uma monocultura agrícola (açúcar) e mão de obra escrava. Mas na outra América, metais preciosos foram encontrados desde cedo, o lucro para a Espanha poderia ser muito bom. Além de trabalhar, também, a agricultura. Para melhor aproveitamento, eles precisavam desenvolver uma economia pensando como extrair os metais preciosos.
Ah! Aqui vale destacar, que também diferente do Brasil, no lado espanhol havia sociedades sedentárias e mais complexas que as comunidades nativas do Brasil. Sobretudo na Meso-América, e nos Andes. Isso é um outro fator que influenciou à coroa espanhola para desenvolver métodos distintos de arrecadação para a economia.
Bem, inicialmente, o modo da Espanha adquirir riquezas foi a pilhagem. Depois foi estabelecendo modelos de escravidão, nas terras que havia uma sociedade com práticas de escravidão (nas regiões dos astecas e incas), mas em regiões de tribos nômades, eles não lograram êxito com a escravidão pura e simples.
A escravidão dos nativos foi combatida pela Igreja e assim, ficou complicado manter esse modelo.
Os espanhóis partiram para uma coisa chamada de Encomienda, ou Repartimiento. O que viria a ser isto? Desde os tempos que os espanhóis expulsaram os mouros de seu território, a coroa concedia esses repartimientos aos conquistadores. Estes funcionavam assim, o rei dividia terras, e os povos dela para os merecedores que seriam chamados encomendeiros. Estes encomendeiros deveriam investir nas encomiendas para que os trabalhadores dela pagassem tributos que seriam remetidos à coroa.
Esse modelo não vigou por muito tempo, os primeiros encomendeiros tiveram muitos lucros, mas logo se percebeu que se tratava de uma atividade muito dispendiosa.
Logo surgiram outros modos de trabalho compulsório para arrecadar valores:
Peonagem, índios eram levados para minas distantes para pagar dívidas adquiridas, passavam meses trabalhando sob péssimas condições.
Yanaconaje - uma espécie de servo de uma determinada família, ou de uma terra, já era uma prática dos nativos, e os espanhóis continuaram.
Mitas e Cuatequil - parecendo a peonagem, os índios tinham uma cota para cumprir no seu trabalho.
Para cobrar os tributos, a coroa espanhola levou os agricultores indígenas para que produzissem o que seria de interesse para a Europa: lã, trigo e animais como galinhas, porcos, bois e ovelhas. Houve tributação em forma de moedas, mas isto não foi uma atitude acertada, pois com a busca dos índios por moedas, a preocupação de produção agrícola como tributo diminuiu e ocorreu uma inflação, assim, passou-se à tributação mista, com dinheiro e produtos primários.
O curioso é que essas moedas que circulavam entre os índios, elas eram consideradas como inferiores, ou até falsificadas. naquele tempo não havia um padrão exato na produção de moedas, havia muitas irregularidades nas mesmas, ou como disse, moedas falsas. Estas moedas circulavam na América e eram usadas pelos índios para pagar tributos. Já os encomiendeiros reservavam para si as moedas de qualidade, a fim de comercializarem eles com a Europa.
Depois, a coroa instituiu uma taxação, ou melhor, uma extorsão mais pesada, a derrama (opa!!! Esse nome você já ouviu no capítulo de ciclo da mineração no Brasil colônia). Mas não tem nada haver!!!
A derrama era uma exigência sobre os pobres, que deveriam trabalhar matérias-primas, como lã, e até mesmo desenvolvê-las em estágios seguintes da produção para o tecido, que enriqueciam os negociantes, corregidores, ou alcaldes a remuneração era pouca ou nenhum, assim sobrava mais lucros para a coroa.

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