quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Desconhecidos que mudaram a história

Quando falo de desconhecidos, não quero dizer realmente isso, mas talvez seja melhor usar o termo Injustiçados pela história, pois foram ignorados apesar de seus grandes feitos.
Sabe quando você fez um trabalho, mas pela humildade que você queria preservar, não se importou em passar desapercebido? E que ninguém lhe deu o devido valor? Pois foi isso aconteceu com nosso amiguinho, Amósis I, iniciador da XVIII dinastia do Egito.

Por volta de 1800 a.C. um grupo vindo do leste, cruzou o Sinai e se instalou ao delta do Nilo, passando a conviver com os egípcios, mas não muito pacífica essa convivência. Os relatos dos egípcios afirmam que eles eram saqueadores e opressores. E pra piorar, neste período, havia no Egito uma dinastia de faraós fracos que não conseguiam restaurar a ordem e expulsar estes invasores, chamados de Hicsos.
Com o tempo, cansados de sofrer sob o jugo hicso, os egípcios migraram do Baixo Egito (delta do Nilo), para o Alto Egito (próximo à nascente do Nilo, e ao reino da Núbia).
Durante esse período, os Hicsos receberam em suas novas terras outros povos vindos do leste, neste caso, os hebreus vindos com José – que se tornou homem de importante cargo na administração dos Hicsos e que veio com todos seus familiares e aliados.
Ao sul ( no Alto Egito), os egípcios dos faraós se estabeleceram na cidade de Tebas. Mas sempre nutriam um sentimento de humilhação, ao ver suas terras dominadas por estrangeiros. O príncipe egípcio, Sekenenré inflamado pelo amor à terra de seus pais, cansou-se de acompanhar calado essa dominação e liderou uma campanha militar contra os Hicsos, mas foram duramente derrotados, os Hicsos eram grandes na arte da guerra.
Mas não se destrói o amor por sua terra com uma derrota militar, assim, depois desta derrota, veio o príncipe Kamés, e se pôs ao combate pelas terras de seus ancestrais.
Contudo, neste momento, os egípcios contavam com outro problema, vizinho a eles estava o reino da Núbia, mais ao sul do Nilo. E os núbios e os egípcios não se davam muito bem. Daí foi um pulo para os núbios se aliarem aos Hicsos e tentar prensar os egípcios esmagando sua revolta de resgate de sua terra natal.
Todavia, Kamés eram um grande estrategista de guerra, e decidiu lutar contra os núbios. Os núbios não constituíam de um exército militar forte, assim, serviriam de esparre ao Egito para a batalha contra os Hicsos. A coisa ficou feia para a Núbia. Os egípcios simplesmente aniquilaram com eles, não apenas barraram as campanhas núbias, mas tomaram posse da capital Elefantina e de todos os tesouros núbios.
O orgulho egípcio estava renovado, entusiasmados pela guerra núbia e concentrados na luta por libertar sua terra natal, nesta hora, não havia poder militar hicso que amedrontasse os egípcios. O avanço militar foi total sobre o Baixo Egito.
Os hicsos sabiam que não teriam muitas chances em campo aberto contra o exército de Kamés, então se refugiaram na capital, Aváris, deixando tropas na retaguarda. E rapidamente, essas tropas foram exterminadas pelo exército de Kamés. Nesta campanha militar, a maior baixa do exército do Egito foi a morte do próprio príncipe. Mas longe de desmotivar, logo a liderança foi tomada por seu irmão, Amósis (que quer dizer A LUA QUE NASCEU), que liderou o povo na vitória.
Amósis tomado pelo mesmo espírito de luta de seu irmão, guarnecido com os militares fiéis e prontos para guerra, realizaram a antiga e cruel estratégia de guerra, o CERCO. Tratava-se de um cercamento militar contra a cidade, que impedia a entrada e saída de recursos e pessoas, praticava-se o entulhamento de poços, represamento de rios, e assim, os citadinos ficavam fracos, revoltados contra seus líderes e desguarnecidos.
Há dados que este cerco durou quase um ano. Não podemos dizer o que ocorreu com detalhes, mas em geral, num cerco se proliferavam doenças, havia morte por fome, desidratação, divisões políticas internas e até casos de canibalismo.
Amósis e seu exército invadiram Aváris e a tomaram por completo. Amósis tomou providência de exterminar os Hicsos, mas não somente contra eles, e mandou punir os aliados hicsos e egípcios traidores, além de subjugar com mais força a Núbia para nunca mais se levantarem contra o Egito. Neste contexto os hebreus passaram a ser vistos como persona-non-grata e foram automaticamente convertidos em escravos. [Mas essa é uma outra história.]

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