quinta-feira, 9 de outubro de 2014

preparando os olhos para o sistema colonial

Será que falar sobre o sistema colonial do Brasil é um assunto que fica mais fácil se a gente recortar ele do contexto com a história medieval e a revolução industrial? Será que seria muita informação falar da crise da alimentação na Idade Média, busca por fontes de matéria prima (Brasil) e posterior avanço nos meios de produção?
Pois bem, não sei como falar de Brasil colonia sem falar do antes e depois. Pode deixar que não vamos ir ao início do paleozoico.

Vamos falar da Europa por volta do século XV, a chamada baixa Idade Média. Havia alguns elementos que combinados provocaram a chegada dos portugueses ao Brasil. Vejamos, A antiga presença moura, que mesmo expulsos, deixaram elementos que marcaram o desenvolvimento de Portugal, instrumentos de navegação, alguns trazidos da cultura chinesa. Mas nem tudo são flores, a europa passava por um problema de alimentação, o solo europeu era pobre, a falta de higiene prejudicava a qualidade dos alimentos.
Para compensar a baixa qualidade dos alimentos, os europeus compravam condimentos da Índia para dar um sabor melhor. Contudo, esses condimentos, especiarias eram trazidas pelo comércio com os árabes que negociavam pelo mediterrâneo com os italianos. Portugal, e outras nações estavam presas a este comércio. Sobretudo Portugal, que geograficamente ficava sem contato direto com o mediterrâneo, mas que se encontrava estrategicamente num bom lugar para o futuro.
Outro aspecto pode ser ainda que nessa conjuntura, acima, Portugal não tinha outra saída se não se dirigir para o Atlântico. Mas como seguir para o Oceano, o desconhecido, o abismo, os monstros marinhos? Portugal estava estudando antigos personagens e histórias de pessoas que se aventuraram para o Oeste, relatos de Marco Polo, conquistas Vikings, e até mesmo o recente Colombo.
Portugal Tinha outro problema, devido a peste negra, eles tinham um problema de população, isto era um problema básico contra quem quer desenvolver o Estado, sem gente, sem nação. Eles precisavam de mão de obra para crescer, um pensamento que lhes ocorreu foi a escravidão, mas precisavam de povos não cristãos para escravizar. Alie-se a isso o sonho do Eldorado, a descoberta e posse dos metais precisos, a Europa viva a fase do metalismo, para ter um estado forte, deveria se ter metais para cunhar moedas e fortalecer o comércio. E Portugal idealizava achar ouro e prata.
Bem, Portugal tinha que optar, se submeter à realidade que lhe estava imposta, ou Tomar outro rumo, escolher conquistar o desconhecido, domar os mares, subjugar as mares, os ventos e as tormentas, e não ficar subjugado diante dos ditames da economia que lhe foi imposta.
Portugal irá para o Atlântico, sim, esta é a resposta! Portugal sacrificará seus filhos, mas conquistará os mares.
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Fernando Pessoa celebrou neste poema esta realidade. Nos preparemos, pois as aventuras de Portugal começarão, eles cruzarão o Bojador, as mulheres irão prantear maridos e filhos, moças permanecerão donzelas. Mas Portugal será o Senhor dos Mares.
Sua vocação é o mar!!!

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